sexta-feira, 22 de agosto de 2014

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 "Eu sei o que vou fazer amanhã, depois, e no próximo ano. Vou sacudir a poeira do corpo e vou conhecer o mundo. Vou construir aeroportos e arranha-céus de 100 andares. Vou construir uma ponte de 2 km. O que você quer Mary? Quer a lua? É só dizer. Eu a laçarei e trarei até aqui."


2# James Stewart, A Felicidade Não se Compra


A Felicidade Não se Compra abre com parentes, amigos e vizinhos do personagem principal orando por ele. Logo percebemos que se trata de um homem bem quisto e especial. Para interpretar um personagem assim, ninguém mais ninguém menos do que James Stewart, querido pelo público, que inclusive o apelidou de Jimmy. Mesmo que o roteiro original tenha sido pensado primeiramente como veículo para Cary Grant (meu ator favorito), James Stewart fez um trabalho tão magistral, que é impossível pensar ou querer qualquer outro ator no papel.

Escolher uma performance de James Stewart para resenhar foi muito difícil, o ator participou de inúmeros clássicos e nunca decepciona, mas em A Felicidade não se Compra, ele reúne todas suas qualidades como ator para criar um dos personagens mais multifacetados do cinema. George Bailey é um homem essencial para a cidade onde mora. Desde criança ele ajuda todos ao seu redor sem nem pensar duas vezes, o que acabou lhe gerando surdez no ouvido esquerdo quando foi salvar seu irmão que caiu num lago congelante. Quando adulto, Bailey sonha em viajar o mundo, mas é interrompido pela morte súbita de seu pai, onde ele se vê obrigado a lutar pela empresa onde o pai trabalhava que agora corria o risco de ser demolida pelo vilão do filme, Potter, interpretado por Lionel Barrymore.

Apesar de ser um filme de Frank Capra, em determinado momento, A Felicidade não se Compra se encontra completamente depressivo, o que possibilita Jimmy a quebrar nossos corações em diversas cenas. Há três momentos no filme que emocionam o telespectador. Primeiro quando Bailey enfrenta Potter para defender seu pai. Jimmy consegue demonstrar todo amor do filho pelo pai sem ser melodramático. Segundo quando Bailey, no bar, ora pedindo ajuda a Deus. Jimmy deixa nossos corações em pedaços. Em terceiro toda a sequência em que seu anjo da guarda mostra como seria o mundo sem ele, é tocante. Mas há situações completamente engraçadas também. Como esquecer Bailey e Mary - sua futura esposa, lindamente interpretada por Donna Reed - na pista de dança até caírem na piscina? E a primeira conversa entre o casal que conta com um Jimmy completamente charmoso e divertido? Sem contar a cena do primeiro beijo entre o casal, que é uma das mais lindas que eu já vi. Pura perfeição! 


A Felicidade não se Compra poderia ser facilmente um filme maniqueísta, mas o roteiro também explora o lado obscuro de George Bailey. Após descobrir que faliu, Bailey volta para casa e destrata seus familiares, além de, em uma ligação, ofender e humilhar a professora de sua filha. Stewart consegue dar o equilíbrio exato para nos fazer crer no desapontamento do personagem. Mas todos esses momentos são necessários para que a mensagem do filme seja passada com louvor. O filme tem uma estrutura surreal que facilmente poderia cair no absurdo, mas com a direção segura de Frank Capra e atuação genial de James Stewart, se tornou um dos maiores clássicos da história do cinema, que influenciou centenas de filmes, e que inspira o telespectador a acreditar em sua própria importância. Obra-prima!




Menções Honrosas: James Stewart nunca decepcionar, nem em filmes mais desconhecidos. Mas entre suas melhores e mais reconhecidas atuações estão Um Corpo que Cai (1958), A Mulher faz O Homem (1939), Do Mundo Nada Se Leva (1939), Festim Diabólico (1948), Meu Amigo Harvey (1950), Janela Indiscreta (1954), O Homem que Sabia Demais (1956), Anatomia de um Crime (1959), O Homem que Matou o Facínora (1962), Núpcias de um Escândalo (1940) e A Loja da Esquina (1940). Sem contar os mais desconhecidos A Vida é uma Comédia (1940), Sortilégio de Amor (1958) e O Preço de um Homem (1953).

Próxima Avaliado: Jon Voight.

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